sábado, 2 de agosto de 2008

Gallus Gallus Domesticus

É impossível imaginar uma quinta sem animais, especialmente sem galinhas. Não só em quintas encontramos as galinhas, elas também povoam quintais, a nossa imaginação, canções e estórias infantis. Quem não conhece a "Galinha dos ovos de ouro"?!



Classificação científica da galinha (Linnaeus, 1758):

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Galliformes
Espécie: G. Gallus
Sub-espécie: Gallus Gallus Domesticus


Ao contrário de muitas crianças hoje que, se não for através de uma visita de estudo a uma quinta pedagógica, ou em passeio à quintinha do Zoo, nunca viram uma galinha fora do supermercado, cheguei a vê-las em pequena.

A minha ama tinha uma capoeira no quintal e eu ficava entretida a olhar para aqueles seres que passavam o dia debicar o chão, em especial para as "chicharitas" que pelo seu tamanho tinham mais piada. Sabia sempre a senhora que me encontraria a dar festinhas aos pintaínhos, na época deles. A minha avó materna ainda tem galinhas, e por mais anos que passem, haverá sempre por lá um galo chamado Chico.

Lembro-me ainda que a minha paterna me contava, que as galinhas lá de casa iam sempre esperar o meu avô ao cimo da rua, acompanhando-o até casa no seu regresso do trabalho, fazendo-me pensar que afinal as galinhas não são animais estúpidos como as pintamos.

E embora as galinhas pareçam todas iguais, depenadas no supermercado, a verdade que me fui apercebendo ao pesquisar para escrever este post, é que as raças de galinhas que povoam estas histórias e memórias são espécies ameaçadas, em perigo de extinção.

As raças autóctones portuguesas desta espécie são três: a Galinha Preta Lusitânica, (de plumagem totalmente negra, podendo ter reflexos azul metálicos); a Galinha Pedrês Portuguesa, (plumagem mosqueada, matizada de cinzento escuro em fundo branco); e a Galinha Amarela, (a galinha tem uma plumagem castanho alaranjada mais clara do que a do galo, no galo a extremidade da cauda e das asas é negra com reflexos metálicos esverdeados).

Segundo dados de 2003 existem cerca de 24 biliões de galinhas no mundo. No entanto, raças como as preta, a pedrês e a amarela estarão votadas à extinção se não se modificar a visão de produzir em massa para consumo que se vê no mundo.

No entanto já decorre em Portugal uma acção de Protecção de Biodiversidade Doméstica - a PRODER - que tem em vista o apoio a candidatos que reunam condições e a vontade de ajudar as raças autóctones que estejam classificadas como raras e muito raras.

fontes:
http://www.galinhasalverca.8m.com/
http://www.inga.min-agricultura.pt/ajudas/agroamb/mra/regras.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Galinha

imagem: galinha pedrês

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Uvada


Agora que já "plantámos" as videiras nesta quinta virtual, há que arranjar várias formas de as servir à mesa, seja ao natural seja através de alguma receita como a uvada.


A uvada é um doce tradicional da zona Oeste, (Alcobaça, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Mafra, Lourinhã, Óbidos, Peniche, Nazaré, Rio Maior, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras).


"A "Uvada" era, simultaneamente, um luxo gastronómico e o recurso de ocasião nos jejuns matinais e nas merendas diárias.

A "uvada", “doce caseiro feito no auge das vindimas a partir do mosto das uvas doces e bem amadurecidas, longamente fervido em largos tachos de arame, ao qual se acrescentavam frutos da época (pêros ou maçãs)” vai entrar agora em fase de recuperação, pela Quinta da Margem D`Arada, - empresa agrícola, da região de Alenquer, que se dedica à produção de vinhos - através da “hábil e dedicada avó Dª Celeste Ferreira”.


in oeste diário



Receita da Uvada


Ingredientes:
1 kg de açúcar
1 kg de maçãs (sem serem reineta)
2 kgs de uvas brancas


Confecção:

Com as uvas faça sumo (se as uvas forem muito doces utilize metade do açúcar).

Desencaroce as maçãs, descasque-as e corte-as em pedacinhos.

Misture o sumo de uva, o açúcar e os pedacinhos de maçã num tacho, e leve ao lume.

Deixe ferver, mexendo de vez em quando até o doce fazer estrada. Retire do lume e deixe arrefecer.

Guarde em frascos.

in gastronomias.com


Ao que parece este doce, também conhecido como doce de vinho, só tem a ganhar se acondicionado nas tacinhas típicas de barro cozido da região. Para além disso, os doces, compotas e conservas sempre foram uma forma de extender a validade de um determinado fruto ou outro, tornando possível consumi-lo em épocas em que este já não estaria presente.
Decerto que qualquer familiar ou amigo ficaria muito satisfeito ao ser presenteado com um frasco de doce caseiro. Fica a ideia.

Vitis Vinifera L.


A agricultura de subsistência caiu em desuso, infelizmente. Sou de uma geração que sempre viveu num meio urbano, mas que não perdeu a ligação à vida e aos frutos do campo, através dos avós, que nos faziam regressar a casa carregados com um pouco de tudo do que a horta dava e sabe-se lá mais o quê. Tudo com um paladar impossível de encontrar nos hipermercados. Mas, mesmo assim, esses paladares sabiam muito melhor servidos à mesa à sombra da parreira.

Com essa imagem na cabeça, comecemos então por plantar uns pés de parreira aqui na "quinta".


A Videira é classificada cientificamente da seguinte forma:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Vitales
Género: Vitis

Existem mais de 20 espécies de videiras, desde a Vitis Aestivalis à Vitis Espalmata, até à Vitis Vinifera, que é a espécie que nos interessa neste caso porque as uvas que dela derivam são as que normalmente são produzidas em Portugal, tanto para fazer vinho como para ser servida ao natural, como uva de mesa. Outros usos interessantes da uva é a confecção de doces e compotas como a tradicional "Uvada", da região Oeste, ou ainda para secar e ser servida como uva-passa.

A lista de variedades de Vitis Vinifera L. é bastante extensa e divide-se entre uvas tintas, uvas brancas e uvas rosadas. Desta lista fazem parte variedades bem conhecidas como a Touriga Nacional, Merlot, Pinot Noir, Moscato e Cereza Italiana, etc.
Uma boa uva resulta não só da atenção e cuidados que são prestados à videira, como também da clima e características do solo. Na Estremadura, zona que se estende ao longo do Atlântico, na zona norte de Lisboa e que compreende DOC's como as de Alenquer, Colares ou Bucelas, o clima tempera-se com a brisa marinha, Invernos amenos e Verões quentes. Nestas zonas de solo arenoso e granítico encontramos variedades como Arinto, Baga, Bical, Malvasia, Periquita, Tempranillo, Tinta Barroca e Trincadeira.

Para quem procura uma boa uva de mesa, como é o caso, uma nota adocicada no sabor é o factor mais importante.

Fontes:
imagem: latada

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Façam favor de entrar...


Então façam o favor de entrar pelos portões desta quinta dentro.

Apenas deixem do lado de fora os telemóveis, os empregos, as vidas de apartamento, os vizinhos e as chatices com condomínios, as contas, os automóveis, os fumos de escape e o trânsito, os shoppings...

Resumindo, nem que seja por uns momentos virtuais abandonem a vida urbana. Este espaço é dedicado ao meio rural. Ao meu sonho de vir a ter uma quinta, com lugar para tudo de bom que imaginamos nesse espaço e que, conforme me vou lembrando vou colocando por aqui, para os olhos de quem quiser ver.

Esta é a minha visão, em tipo de collage cibernaútica, do tipo de vida em que me imagino mais inteira, melhor. Em que o tempo passa num compasso mais tranquilo, onde se disfruta da companhia, da Natureza nas suas muitas expressões. Disfrutem.

foto: Jussara Romão